domingo, 8 de novembro de 2009

Introdução


A história é a maior testemunha dos atos de Deus em favor de Seu povo – Ribamar Diniz
Além de libertador, líder e chefe religioso dos hebreus Moisés tornou-se também seu historiador. Ele registrou um conselho para os tempos atuais que reflete o desejo de Deus para seu povo: "Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teus Deus, que te guiou... Para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos... Não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos." (Deuteronômio 8:2;4:9)

"O que somos hoje depende, em grande parte, daquilo que somos e tivemos condições de ser no passado. Boa parte dos valores que, hoje, vivemos e defendemos depende daquilo que nos legaram os nossos antepassados. Por outro lado, o que seremos amanhã depende não só da análise crítica que hoje façamos sobre o nosso passado, como principalmente, do projeto e compromisso de história, que, hoje, queiramos construir e assumir." [1]

30 de junho de 2001 foi diferente para a família Freitas e a Igreja Adventista do Sétimo Dia* em Juazeiro do Norte. Nessa data faleceu "Citonho" (Antônio Alves de Freitas). A família conclui que, como ele "gostava tanto da Igreja" seria bom velá-lo ali.
Centenas de pessoas compareceram. Amigos, irmãos, familiares, personalidades, todos queriam prestar seu último tributo. Muitos entraram na Igreja Adventista pela primeira vez!

Após ser apresentada a biografia de um dos primeiros adventistas da região, o Pr Ivay Araújo confidenciou aos presentes que, nos momentos finais, ele disse: "Sei que vou morrer, mas eu estou preparado". O irmão Ludugério, primeiro adventista de juazeiro compareceu e consolou a família.

Os Desbravadores retiraram o caixão da Igreja, "guardando" o pioneiro até o cemitério. Ao sair o corpo do irmão, saía um pedaço da Igreja também. Em meio a lágrimas e hinos de louvor, foi colocado na sepultura de onde um dia sairá, por ocasião da ressurreição na segunda vinda de Jesus.

Eu era um daqueles desbravadores! Ao pegar na alça do caixão de um pioneiro, senti-me profundamente honrado... Pensei nos esforços que ele e muitos outros fizeram para a mensagem chegar até nós, hoje.

Aquela cena me marcou profundamente e conduziu-me a uma séria reflexão. Assim como o irmão Citonho foi sepultado, será também enterrada a nossa história? O tempo vai esconder, quem sabe definitivamente, a vida e obra de nossos pioneiros? Não, respondi para mim mesmo, e me dispus a começar essa inédita pesquisa.

Parafraseando Ivan Schmidt, eu diria que pouco se sabe no Cariri, nos meios adventistas, sobre a disseminação da mensagem entre nosso povo. Pouco ou quase nada um membro da Igreja pode relatar sobre a época em que a tríplice mensagem raiou no Juazeiro... A triste realidade é que a Igreja não teve meios para conservar sua memória histórica [2]. O alvo desse modesto trabalho é revelar uma história quase desconhecida, rever os atos divinos na trajetória do povo de Deus, alcançando quatro objetivos:

I - Testemunhar o amor e providência de Deus ao trazer-nos Sua Verdade de modo tão especial;
II - Conhecer os pioneiros dessa mensagem e prestar-lhes uma merecida homenagem;
III – Oferecer a Igreja um documento escrito sobre sua história denominacional;
IV – Motivar os adventistas de hoje, sobretudo os jovens, a concluírem a obra.

Para facilitar a compreensão e pesquisas futuras dividimos a Origem e Expansão dos Adventistas do Sétimo Dia em Juazeiro do Norte em períodos, destacando em cada um os pontos mais relevantes:

I Período: Como a Mensagem Chegou até nós? (1958-1973)
A origem e crescimento da Igreja Adventista, as primeiras iniciativas da pregação do evangelho eterno em Juazeiro do Norte e adjacências, os primeiros batismos e formação do primeiro núcleo de fiéis.

II Período: A Manutenção e Consolidação da mensagem: (1974-1992)
Enfatizamos a vida do primeiro grupo adventista, a construção do primeiro templo e sua organização.

III Período: A Expansão da Mensagem: (1993-1999)
O crescimento espetacular no número de membros da Igreja e congregações e divulgação de sua mensagem através dos meios de comunicação.

IV Período: A Organização e o futuro da Igreja: (2000 em diante)
Período em que a Igreja foi com maior êxito organizada em seus departamentos e sua liderança e membros melhor treinados com uma visão mais abrangente.

Para montar esse quebra-cabeça histórico entrevistamos "muita gente". Emocionei-me ao ouvir os pioneiros (entre lágrimas) relembrarem fatos tão marcantes. Catalogamos as poucas referências históricas registradas em arquivos pessoais, documentos de igrejas e publicações.

Espero que esses relatos nos inspirem a continuar guardando "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus", e proclamar "a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos".
"Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo do progresso até ao nosso nível atual, posso dizer: louvado seja Deus! Ao ver o que Deus tem operado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos para recear quando ao futuro, a menos que nos esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado."[3]

Conheça nossa História!

Referências


[1] Cipriano Lukekesi, Fazer universidade: uma proposta metodológica, II edição (São Paulo: Comtez, 2000), 120.
[2] José Amador dos Reis – Pastor e pioneiro, (CAB, ),9,13. Citado por Michelson Borges em A chegada do adventismo ao Brasil, (Tatuí: São Paulo, 2000), 13.
[3] Ellen G. White, Testemunhos seletos, Vol. III pág., 443.
Nota: Os termos Igreja Adventista do Sétimo Dia, Adventismo, adventista, movimento adventista etc se referem unicamente a essa Igreja ou a seus membros, a menos que haja clara indicação ao contrário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário