quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Capítulo 3: Os colportores chegaram primeiro?


“O esforço do colportor em levar a mensagem ao povo não será em vão, porquanto todos aqueles que receberem o conhecimento da verdade através dos livros, revistas e folhetos, serão candidatos a conversão” Francisco Vieira de Freitas

A palavra pioneiro significa “individuo que abre caminho, desbravador, precursor”.[1] Pioneiro é “aquele que abre caminho por região desconhecida”. [2] Essa é a melhor definição para os bravos “cavaleiros do prospecto” que entraram em uma região virgem, sendo um campo obscuro e desconhecido.

“Contava-se que um primo do Pe. Cícero aparecera na cidade para vender Bíblias. Pediu permissão ao padre para fazer o trabalho de colportagem. Foi prontamente atendido. Mas na manhã seguinte o padre falou ao povo: ‘Há um crente visitando nossa cidade. Quer vender Bíblias. Quem desejar pode comprar. Por mim, eu não quero nenhuma em minha casa.’” Quem iria comprar Bíblias depois dessa maliciosa insinuação?”. [3] Essa é a primeira referência a distribuição de literatura religiosa em Juazeiro. Embora não conheçamos os resultados, foi o primeiro método usado pelos missionários que aqui vieram.

Vale destacar que a Beata Mocinha (Joana Tertulina de Jesus), Governanta e Tesoureira da casa do Padre Cícero possuía um Novo Testamento. Embora tivesse contato com a Palavra de Deus, lesse todas as noites “muito a vida dos Santos” considerava-se “católica apostólica romana e cuja Religião nasceu, tem vivido e deseja morrer”, fato consumado em 1944, um século após o surgimento do movimento adventista. [4]

Outra pessoa ligada ao Padre Cícero teve contato direto com a mensagem adventista. Trata-se de Generosa Ferreira Alencar, considerada “sua última pupila”. Ela possuía revistas e livros adventistas. Antes de qualquer pastor ou missionário andar em Juazeiro a mensagem já estava presente. A irmã Luíza Menezes guarda dois exemplares (edições de outubro de 1939 e abril de 1940 ) e uma revista Mocidade (de setembro de 1956). Guardo o livro Nós e Nosso Filhos, edição de 1968, que também lhe pertencia.

Segundo o pastor Rubens Lessa, as assinaturas não podiam ser feitas diretamente com a CASA, pois “naquela época isso era proibido”. Provavelmente ela assinou ou comprou de um colportor que passou por aqui ou ganhou de presente de alguém.

“Generosa sempre foi uma mulher ligada à boa leitura. Sua biblioteca era vastíssima: Quando recebi seu acervo, vieram juntos algumas revistas adventistas e livros, que suponho tenha adquirido através de colportores aqui em Juazeiro no final dos anos 30 e início da década de 40.” [5]

Posteriormente tive o prazer de vender-lhe vários livros, entre eles O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, Vida de Jesus e O Grande Conflito. Desde a juventude leu a literatura adventista (em 1939 tinha 29 anos) e o tempo não diminui o gosto por elas já que antes de sua morte ainda adquiria nossa literatura. A semente jogada através dessas publicações germinaria e daria frutos.

É gostoso pensar... Apenas cinco anos após a morte do padre Cícero a mensagem adventista já estava em seu lar a disposição de suas pupilas e criados! Após 1944 (5 anos depois de lançamento de Vida e Saúde) Dona Generosa diz “ficamos algum tempo morando no casarão da rua S. José”, residência do Padre Cícero transformada em um museu. [6]

Esses fatos trazidos a luz a custa de muita pesquisa, deixam claro que a mensagem adventista foi levada a tantos lugares e pessoas que o céu revelará agradáveis surpresas.

A irmã Maria Ramos guarda uma antiga edição do livro O Grande Conflito (edição de 1940). Ele foi adquirido por seu pai no município do Icó. Se os colportores andaram no Icó nessa época, supomos que passaram também aqui em Juazeiro.

Edições dos anos 60 e 70 são facilmente encontradas: Vida de Jesus, A Excelência das boas Maneiras, Belas histórias da Bíblia, O Príncipe da Paz, O Desejado de todas as Nações, Avenidas da Saúde... Confirmando terem “os missionários do silêncio” passado por aqui bem antes de Renato Gomes, Cícero Miguel ou Haroldo Saidil. Eles foram os primeiros a pregarem com êxito nossa mensagem nessas terras. Fizeram o trabalho de semeadura, e a colheita demorou algumas décadas. Muitas famílias adventistas da atualidade ou da comunidade em geral dizem que esses livros “apareceram” não se sabe de onde, ou foram vendidos “por alguém a muito tempo”.

Pastor Rubens Lessa - Em 1958 quando o pastor Bessa fazia seu evangelismo em Juazeiro Rubens Lessa colportava também em uma cidade “onde não havia adventistas”, Frutal, Minas Gerais. [7]

Dois anos depois viajou de Recife ao Cariri, quando era aluno do ensino Médio do ENA (Educandário Nordestino Adventista), localizado em Belém de Maria, no Pernambuco.

Ao chegar em Barbalha havia uma grande placa, tipo um “outdoor: ‘Senhores protestantes: Barbalha já está evangelizada’”. Decidiu começar o trabalho em Crato. Lá, relembra, “não enfrentei nenhuma oposição”.[8] Trabalhou de dezembro de 1960 a fevereiro de 1961 em Crato e Juazeiro. “Quando fui a Juazeiro e Crato fazia de quatro a cinco anos que ninguém queria ir para lá. O campo estava virgem e isso foi o segredo do meu êxito. Espero que os livros que eu e outros deixei tenham contribuído para o avanço do evangelho.”

Lessa vendeu os livros Felicidade Conjugal, acompanhado do jogo de quatro revistas (Nosso Amiguinho, Mocidade, Vida e Saúde e Atalaia, de cunho religioso). E a coleção de livros “Histórias para Criança”. Fazia uma media de 15 a 20 pedidos por dia.

“Em 1960, cheguei à cidade do Crato... Eu não tinha um centavo no bolso. Longe de meus pais e dos amigos, num lugar em que não havia sequer um adventista, estava preocupado com dois compromissos: pagar o hotel no final do mês e conseguir a bolsa escolar. O primeiro dia de trabalho foi marcado por expectativa e ansiedade. Mas, à noite, ao ler a Bíblia, encontrei conforto e ânimo em várias passagens bíblicas. Apenas um exemplo: ‘Porque mui grande é a Sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre.’ Sal.117:2. Terminado o período de férias, vi como Deus havia sido fiel. Nunca, em toda a minha experiência de colportor estudante, vendi tantos livros e revistas como naquela ocasião.” [9]

Hospedou-se no Hotel Central do Crato. Aos sábados saia da cidade, entrava num sítio e sozinho, lia a Bíblia, orava, meditava, passeava pela Natureza e escrevia. Queria estar afastado do movimento do Centro. Passava o dia lá e “após o pôr-do-sol já começava a trabalhar.” Seguia esse conselho inspirado: “ninguém se deve sentir na liberdade de gastar tempo santo inutilmente” (Ellen White, Testemunhos Seletos Vol. I, pág. 291), repetindo o que fizera em outro lugares “estudava a lição da Escola Sabatina em meio à natureza”. [10]

“...Certa noite fui a uma igreja evangélica, a convite de um professor de música...Estávamos hospedados no mesmo hotel e, à hora das refeições, dialogávamos sobre religião e música.

... O pregador falou com eloqüência e entusiasmo, arrancando dezenas e dezenas de aleluias... Mais para o final, ele orou para que eu entregasse o coração a Cristo. A partir desse momento, houve uma trovoada de aleluias. Logicamente senti-me constrangido... Alguém, pondo as mãos sobre meu ombro, disse: “Aceite a Jesus agora; não deixe para depois”.Ouvi esse apelo várias vezes, até que, ansioso por sair daquela situação, abri os olhos, encarei a pessoa que insistia para que eu me entregasse a Cristo, e disse: “Irmão, eu já sou crente; sou adventista do sétimo dia.”

“No retorno ao hotel, procurei ser cortês com o professor de música, mas não deixei de dizer-lhe que eu tinha convicção da doutrina que havia abraçado desde a minha infância.” [11]

Ele seguia uma orientação profética que deve ainda orientar nossos jovens: “Aqueles que se estão preparando para o ministério, não se podem empenhar em outra ocupação que lhes dê tão ampla experiência como a colportagem.” [12]

O Diretor de Publicações da Missão “era um leigo de grande êxito em vendas... Benjamim Dias. Quando eu mandei o pedido ele não acreditou. Eram muitos livros.” Quando chegaram estava trabalhando mas havia deixado a autorização para Dona Maria, que “confiava muito em mim” para receber e se necessário acertar com o carroceiro. Eram cerca de 9 grandes caixas de madeira só no primeiro pedido. Quando chegou o pequeno espaço do quarto nº 9 que incluía a cama e o banheiro ficou lotado. As entregas foram boas e “faltaram livros”. Algumas pessoas quando viam também queriam adquirir. “Consegui três estipêndios e meio” só no Crato e um em Juazeiro. [13]

Em Juazeiro “trabalhei com mais cuidado porque recebi três ameaças” para sair da cidade. O primeiro do Prefeito que “não me comprou” e disse em tom de ameaça que me aconselhava a “ir embora” de Juazeiro que era uma cidade de católicos e não havia espaço para protestantes.

Ao visitar um senhor chamado “João Teixeira numa casa de tecidos” veio a segunda. “Moço sua conversa é muito bonita, mas nós somos católicos.”

Ao voltar para pensão na rua São Pedro pensou “meu Deus o que vou fazer?”. “Em meio de todas as suas críticas experiências e em todas as provações. Aprenderão a orar enquanto trabalham... Praticarão a verdadeira cortesia, tendo em mente que Cristo, seu Companheiro, não pode aprovar palavras ou sentimentos ásperos e descorteses.” [14] Seguiu esse conselho à risca. Orou a Deus pra saber onde começar. Como havia muitos ourives na rua São Pedro pensou em “oferecer a eles.” Essa foi um resposta divina, pois a partir do primeiro ourives o campo se abriu.

“Ao visitar um ourives consegui vender. Ele disse: ‘Se você conseguir vender aquele senhor todo mundo compra’. Eu o visitei e ele me comprou. Insisti e ele desenhou o nome Antônio. Com aquele nome consegui um estipêndio”.

Ao visitar o Sr. Luís “não comprou por preconceito. Seu pai o havia aconselhado a não comprar livros desta editora. Porque ela fala mal da nossa Igreja.”

“No domingo eu fui a missa, ver como era” o movimento católico na cidade. Fiquei escorado numa coluna. O sermão foi sobre Família. Ouviu atentamente e respeitosamente se retirou ao final. Rubens Lessa não percebeu que Luís o estava observando durante toda a missa.

Na saída o chamou: “Eu vi você na missa. Você não me viu, mas eu lhe vi. Vá amanhã no meu escritório. Eu sou católico e o fato de você ter ido a minha Igreja. Ter escutado e ter respeitado minha religião! Eu sei, você não fez o sinal da cruz. Traga 6 jogos de livros e logo por que preciso para mim e para meus empregados.”

Posteriormente Irajá da Costa e Silva, (hospedou-se no mesmo quarto) e outros colportores trabalharam em Crato e também Juazeiro.

Francisco Freitas – Francisco Vieira de Freitas, nasceu em Jardim, Ceará, no dia 3 de fevereiro de 1912.[15] Era católico e foi batizado junto com a esposa em 28 de dezembro de 1940, pelo pastor Gustavo Storch em Fortaleza.

Segundo Renato Gomes, antes de ir ao Cariri “os colportores já trabalhavam no Crato e Juazeiro. O irmão Freitas trabalhou antes de mim.”

O “irmão Freitas” resume seus 50 anos de adventismo: “Minha decisão ao advento aconteceu em 1940, no ano seguinte, assisti o primeiro curso de colportagem e logo depois de ser convidado pelos dirigentes, fui trabalhar com a literatura da CPB, disseminando as mensagens de saúde e salvação contidas nos nossos livros, e com a graça de Deus trabalhei mais de 30 anos nos 3 estados da nossa Missão: Ceará, Piauí e Maranhão... Com relação as atividades da igreja, cooperamos sempre nas campanhas missionárias, promovendo A Voz da Profecia, Revista Adventista, etc.


...De alguns anos para cá, tivemos de ajudar nas igrejas de Juazeiro, Iguatú, Quixadá, Sobral, Itapajé e outros... E agora mesmo depois de jubilado ainda estamos dispostos para ajudar aos semelhantes no fortalecimento espiritual com a graça do Altíssimo Deus.” [16]

Foi descrito por Dourival Lima de “colportor milagroso” com “um temperamento calmo e sereno.... Com pouco tempo de trabalho na colportagem infiltrou-se no inculto sertão cearense, trabalhando de zona em zona, de cidade em cidade, pelas vilas e fazendas, conseguindo uma venda de livros religiosos de aproximadamente 20 mil cruzeiros, sendo o livro principal Vida de Jesus.” [17]

Seu trabalho teve duas etapas: “... durante estas três décadas, com a graça de Deus, temos feito algo em prol de outras almas, através da colportagem e, de algum tempo a esta parte, por meio do evangelismo leigo, nas igrejas e grupos desta vasta região nordestina, onde está situada a missão Costa Norte, sob a direção do jovem Pastor Carlos J. Griffin.” [18] Esse comentário parece indicar que na época do pastor Grif ele já colaborava com a obra em Juazeiro.

João Oliveira [19] - Um fato que guarda muita semelhança entre a chegada do adventismo a Juazeiro e o estabelecimento da Igreja Adventista no Brasil é a experiência de João Oliveira: o pioneiro que não era adventista. Sabe-se que um bêbado ajudou a distribuir nossa literatura no Brasil e que a mesma era distribuída a partir de um armazém.

No Cariri o senhor João Bezerra Oliveira possuía na Rua São Pedro 78 o armazém Cariri de estivas e cereais. Ao ser visitado por um colportor, alem de comprar-lhe livros e revistas (Vida e Saúde, Atalaia, Mocidade, Adventista) ele passou a ajudá-lo a distribuir a nossa literatura. Por aqui um pensador, e não um alcoólatra foi forte colaborador da colportagem. Ele resume sua experiência:

“...O assunto em pauta é com referência aos primórdios da implantação da Igreja Adventista na região do Cariri. Tive a grata satisfação no período dos anos de 1963 e 1964 de sido procurado pelo um cidadão de Fortaleza, que representava e vendia obra doutrinários livros e revistos dos Adventistas. Através desse primeiro contato, travamos uma sólida amizade que surtiram bons frutos, tanto pela revenda das revistas e livros e que, despretensiosamente a título de colaboração fiquei responsável pelo recebimento dos valores das vendas neste período.

“Nesta ocasião o representante me fez ciente que o Pastor Valquírio de Fortaleza gostaria de conhecer o Cariri ao mesmo tempo me faria uma visita, o que realmente veio a acontecer.

“Então, através desse contato na minha residência [Rua do Cruzeiro 304] após um longo e descontraído diálogo em que externei francamente ao Pastor Valquírio as minhas idéias com relação as religiões e crenças e as minhas experiências desde a época do Seminário São José do Crato.

“Após esse período não me afastei definitivamente da Igreja porém tornei-me um livre pensador buscando conhecimento por vários caminhos da espiritualidade, tornando-me finalmente
‘Anticlerical’ por discordar plenamente com a doutrina da Igreja.

“Diante dessas verdades expostas ao Pastor Valquírio, ele gentilmente surpreendeu-me com o honroso convite para que eu aceitasse ser preparado para representar a Igreja Adventista, isto é, um futuro Pastor aqui no Cariri.

“Agradeci plenamente o honroso convite, mas em razão das minhas idéias expostas ao referido amigo, e assim finalizando o nosso encontro, permanecendo uma boa amizade.” [19]

Na ocasião o Pastor presenteou-lhe uma bíblia que guarda até hoje.

Colportores de Destaque e Equipe Cariri - Juazeiro e Milagres produziram bons colportores de revistas e livros. Os mais destacados foram Valdemar Alvino, Fram Rodrigues e a irmã Toinha. Valdemar durante 20 anos fez uma clientela formada pelas principais personalidades do Cariri. Foi visitado pelo pastor Pedro Camacho, então diretor da Casa Publicadora Brasileira. Ele atestou sua eficiência ao visitar dois de seus clientes.

A irmã Toinha (Antônia Rosa da Conceição), teve o seu testemunho publicado na Revista Adventista. Desde 1994 ela coleciona muitos milagres em seu ministério sendo uma das principais colportoras da Missão Costa Norte. “... Já levou pessoalmente mais de nove pessoas a Cristo. Deixou algumas pessoas estudando a Bíblia com irmãos adventistas...” como dona Rita, que com a família aceitou a fé. “Esse batismo foi a pedra fundamental para o surgimento” da igreja de Missão Velha. [20].

O jovem Francisco Rodrigues visitou vários estados brasileiros e países, iniciando teologia no IAENE (Instituto Adventista de Ensino do Nordeste) em 1999, concluindo em 2009 no Seminário Teológico Adventista da Venezuela. “Pude ver que o êxito da colportagem vai a todas as partes e [Deus] me capacitou a evangelizar e pregar em outras línguas que não conhecia”. Em Trinidad e Tobago (Caribe) pregou e vendeu para “árabes e indianos”, na Europa colportou “na Espanha”.

Na década de 90 foi formada a “Equipe Cariri” (chegando a ter 30 colportores efetivos), que espalhou a literatura adventista no Cariri, colaborando para a decisão de dezenas de pessoas ao evangelho. A equipe dividia seu tempo em realizar o trabalho no campo, ministrar estudos bíblicos nos lares e auxiliar as igrejas em seus programas.

Para se ter uma vaga idéia da influência benéfica da literatura deixada em Juazeiro pelos colportores o pastor Enoque Félix, em uma visita a cidade, ouviu vários testemunhos como o de Miguel Gomes, que encontrou um livro vida de Jesus, em cima da banca que trabalhava, Gil Vicente leu o mesmo livro no leito do hospital quando se recuperava, Antônio Erisvaldo tirou suas dúvidas doutrinárias quando outra denominação lhe emprestou o livro o Grande Conflito. Muitos vieram às fileiras adventistas pela influência da colportagem. Antes da igreja ser estabelecida em varias cidades do Cariri, os colportores fizeram o trabalho de semeadura, espalhando centenas de livros e revistas.

Referências:


[1] Minidicionário Luft.
[2] Minidicionário Aurélio.
[3] Jaime A. Lima, Que povo é esse? história dos batistas regulares no Brasil. (São Paulo: Editora Batista Regular, 1ª edição, 1997), pág.43.
[4] Fátima Menezes e Generosa Alencar, “Beata Mocinha” governanta e tesoureira da casa do Padre Cícero (Juazeiro do Norte – CE: Impresso por HB Gráfica), pág.l1.
[5] Fátima Menezes, escritora, escrito em 9 de novembro de 2006 em sua residência.
[6]Fátima Menezes, Generosa: Última Pupila do Padre Cícero, Fátima Menezes. Juazeiro, Dezembro de 1999, pág. 33.Impressão por HB Editora e Gráfica.
[7] Rubens Lessa, Meditação Matinal (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2000), pág. 45.
[8] Entrevistas por telefone.
[9] MM 2000, pág. 331.
[10] MM, 2000, pág. 45.
[11] MM 2000, Pág 251.
[12] Ellen G. White, O Colportor Evangelista, pág. 38.
[13] Valor equivalente ao pagamento de um semestre do colégio.
[14] Ellen G. White, O Colportor Evangelista, pág. 37.
[15] Francisco Vieira de Freitas, Reflexões Espirituais, 2ª edição (Fortaleza-Ceará, 1991), contracapa.
[16] Idem pág. 17.
[17] Idem pág. 91,92.
[18] Idem 45.
[19] Texto escrito por João Oliveira. Juazeiro do Norte, 12 de janeiro de 2008.
[20] Revista Adventista, junho de 2003, pág. 20.

domingo, 8 de novembro de 2009

Capítulo 2: Juazeiro – Meca do Cariri

Juazeiro do Norte situa-se ao Sul do Ceará, a 570 quilômetros de Fortaleza, sendo a segunda maior cidade desse Estado. Tipicamente urbana, tem um clima ameno 35 graus e uma população estimada em 250 mil habitantes. Famílias tradicionais e oriundas de todo nordeste formam seu povo.

Está incrustado na região do Cariri, o "Oásis do Ceará". Cercada pela Chapada do Araripe, primeira floresta Nacional. Graças a sua situação geográfica, a região possui inúmeras fontes e quedas d`água, que proporcionam ótimo clubes de lazer e parques aquáticos, assim como "trekking’, esportes radicais, visitas a cavernas, inscrições rupestres e fósseis.

Essa região de terrenos férteis e veios abundantes de águas cristalinas foi habitada até "meados do século XVIII, pelos índios kariris". [1]

Juazeiro se destaca como um pólo universitário, com inúmeras entidades de ensino superior, públicas e particulares. Abriga ainda um vasto setor de comunicação, consolidado pelas rádios tradicionais e o advento de dois canais de televisão.

Rota obrigatória de grandes eventos musicais e esportivos. Possui folclore e artesanato exuberante, tornando-a um verdadeiro centro cultural nordestino, graças à multiplicidade regional de seu povo. [2]

O comércio é variado e abastece uma extensa área do Cariri e estados vizinhos, com destaque para o pólo industrial calçadista.

Segundo Néri Feitosa, "Juazeiro se fez ‘espaço’ para o nordeste: o lugar onde o sofredor está bem, onde toma uma folga no seu sofrimento, onde entrevê uma esperança de sair da penúria e de melhorar a situação econômica." [3]

Quem vem aqui nos meses de março, setembro e novembro, fica impressionado com a multidão de peregrinos em suas ruas e templos. É o período das grandes romarias. Embora receba romeiros "todos os dias", por ano afluem a Juazeiro números estratosféricos (2 milhões de pessoas). Eles vêem em busca de "cura, bênçãos, proteção e fé", além de pagar suas promessas e fazer compras. Considerado o segundo local de maior peregrinação do Brasil e quarto do mundo.

Nas palavras de Luiz Pontes, "Juazeiro do Norte se transformou na Meca do Nordeste brasileiro, para onde convergem quase meio milhão de romeiros anualmente, tanto do próprio Estado do Ceará como do restante do Nordeste de outras regiões do Brasil." [4]

Embora se destaque como uma cidade de intenso comércio, apurado artesanato, cultura diversificada, música harmoniosa, o aspecto místico e religioso transcende e absorve todos os outros. "Meca do Cariri", "Capital da Fé", "Terra do Padre Cícero", "Santuário do Nordeste" são pseudônimos dessa metrópole voltada às raízes católicas. Descrita como "um imenso laboratório onde manipuladores traçam, misturam, combinam rasgos de bravura, feitos inéditos e além da própria previsão. Sua historia não é simplesmente uma página de virtudes, há erros que imprimem as digitais da fraqueza humana. Porém, seu destino é glorioso e a sua vocação histórica configura a tranqüilidade da vela que nada perde de sua força, quando, com sua chama, acende uma outra que está apagada". [5]

De fato Juazeiro se tornou glorioso quando seus moradores permitiram que "a glória do Senhor" viesse sobre eles. (Ver Isaías 60:1,2)
Esse é o teatro no qual se desenrolaram cenas maravilhosas da história do Adventismo. Entre nesse espetáculo, assista essas cenas e conheça seus atores. Quando o drama terminar, louve a Deus porque ele exibirá o último set da história do mundo, à volta do Senhor Jesus.

Referências:

[1] Fátima recife Pernambuco Menezes, Padre Cícero: do milagre a farsa do julgamento (Recife, Pernambuco: Editora Bagaço), pág. 9.
[2] Folder venha conhecer Juazeiro do Norte.
[3] Padre Néri Feitosa, Eu Defendo o Padre Cícero, 1982, pág. 21.
[4] Luiz Pontes, Padre Cícero o cearense do século xx, (Brasília, 2001), pág.10.
[5] Monsenhor Murilo de Sá Barreto, citado em Revista da gente, edição 2006, pag. 11.

Capítulo 1 - Dos Estados Unidos a Juazeiro do Norte!

I PERÍODO – Como a Mensagem chegou até nós? 1958-1973

"A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um movimento profético comprometido com a exaltação da pessoa e obra de Jesus Cristo e com o processo de restauração final dos ensinos bíblicos."[1] Alberto R. Timm

O fim do século 18 e o início do 19 viram um reavivamento mundial sobre a segunda vinda de Cristo. "Muitos intérpretes protestantes ficaram convencidos, mediante estudo das profecias bíblicas, de que Cristo voltaria provavelmente ao redor da década de 1840... o batista Guilherme Miller, de Low Hampton, Nova Iorque" [2] fundador e maior expoente do Adventismo nos EUA[3] "começou a pregar suas idéias em 1831" e teve a adesão de vários "líderes evangélicos", transformando "o Millerismo em um dos movimentos religiosos mais influentes na América do Norte daquela época."[4]

A base do Adventismo era Daniel 8:14: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o Santuário será purificado". Como um dia profético equivale a um ano literal (Números 14:34; Ezequiel 4:5, 6) e o período começa no ano do decreto da reconstrução de Jerusalém (Daniel 9:25/457 a.C.) descobriu-se que se estenderia a 1844 quando o Santuário, que se acreditava ser a Terra, seria purificado pelo fogo da segunda vinda de Cristo.[5]

Como Jesus não veio, "o grande desapontamento" dividiu o movimento em várias direções. Após estudo profundo das Escrituras, um pequeno grupo conclui "que o término das 2.300 tardes e manhãs apontava não para a segunda vinda de Cristo, mas para o início de uma nova fase no sacerdócio de Cristo no santuário celestial (Daniel 7:9-14; Apocalipse 11:14) bem como para o começo da proclamação das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12"[6].

Na manhã de 23 outubro, Hirão Édson, ao cruzar um campo de trigo compreendeu que, naquele ano Cristo não retornaria a terra, mas passava do lugar santo para o santíssimo do santuário celestial e fazia surgir um movimento para profetizar "a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis."(Apocalipse 10:11).

O ano de 1844 também foi significativo para a família de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. No dia 24 de março, na cidade do Crato, Ceará, nasceu o menino que mais tarde seria chamado Padre Cícero e que fundaria a cidade de Juazeiro do Norte. Ele também seria considerado uma voz "profética" para milhares de nordestinos. [8]

Surgia com um punhado de crentes oriundos do movimento milerita (liderados pelo casal Tiago e Ellen White e José Bates o "movimento adventista sabatista" que, em 1860 adotou o nome "Igreja Adventista do Sétimo Dia" e em 1863 organizou-se através da Associação Geral para levar o "evangelho eterno a cada nação, e tribo e língua e povo." (Apocalipse 14:6).

Brasil - Após espalhar-se pelos EUA e América do Norte a mensagem adventista, até o final do século XIX, alcançou os continentes europeu, australiano, africano e asiático [11]. Nesse mesmo período chegou ao Brasil (1884) através de um pacote de literatura, contendo 10 revistas em alemão ("A Voz da Verdade") enviadas "dos Estados Unidos... ao porto do Itajaí, Santa Catarina."[9]

A mensagem "propagou-se, inicialmente, entre os imigrantes alemães [e] o primeiro núcleo de adventistas* surgiu neste país em decorrência da leitura" dessas publicações [10]. Em 1890 Guilherme Belz tornou-se o primeiro a aceitar o sábado pela leitura do Comentário do livro de Daniel de Uriah Smith e começou a guardá-lo com a família. [11] Outros começaram a fazer o mesmo e logo surgiram grupos de guardadores do sábado.

Em maio de 1893 chegou o primeiro missionário - o colportor Albert B. Stauffer. Com a chegada de William Henry Thurston e esposa, que montaram um depósito de livros no Rio de Janeiro o trabalho da colportagem se desenvolveu mais facilmente.

Em 1985 o pastor Frank Henry Westphal veio realizar os primeiros batismos, começando em São Paulo (abril de 1895) com Guilherme Stein Jr (convertido pelo livro O Grande Conflito) e depois Santa Catarina [12]. Em seguida a mensagem passou a ser divulgada também aos de fala portuguesa e espalhou-se rapidamente por cada canto do País.

"A primeira igreja adventista foi organizada em 1895, na localidade catarinense de Gaspar Alto". [13]

Ceará – "Os primeiros adventistas que estiveram nesta região foram os colportores André Gedrath e Zacarias Rodrigues, na década de 30. Em 1935 chegaram em Fortaleza os missionários Léo Blair Halliwell e Samuel Thomas. Alugaram o cine Rex... e iniciaram uma série de conferências". Ao final "o obreiro bíblico Manuel Pereira da Silva substituiu o Pr. Samuel Thomas.

A Missão foi organizada em 1937 com 29 membros batizados... Na época o território compreendido era o Ceará, Piauí e Maranhão. O primeiro batismo foi realizado no dia 6 de maio de 1939, na Lagoa da Parangaba, contando com 15 pessoas, são elas: Os irmãos André Gedrath e Zacarias Gedrath; Manoel Pereira; Francisco Vidal de Negreiros, sua esposa Luíza Vidal de Negreiros e sua filha Neuza Gomes; Raimundo Fialho, sua esposa Nazareth Fialho, e seu filho Francisco Fialho; Vicente Souza Lima; Valquírio Souza Lima e sua esposa Argentina Lima; Bento Bernardino da Silva; Josefa Silva e seu filho adolescente. Foi oficializado pelos pastores Léo B. Halliwell e R. Wilcox."

A primeira Assembléia Bienal foi realizada em 1963, em Fortaleza. Em 1989 foi inaugurada a nova sede e na Assembléia Trienal daquele ano, ocorreu a divisão da Missão, passando o Maranhão a pertencer a Missão Maranhense. [14]

Atualmente a Missão Costa Norte possui 38.301 membros, divididos em mais de 500 igrejas, formando 38 distritos. O grande alvo para o quadriênio é transformá-la em associação e criar a Missão do Piauí.

A mensagem adventista é representada por três anjos voando pelo meio do céu (ver Apocalipse 14:6-13). O Adventismo estabeleceu-se em Juazeiro do Norte por três meios diferentes: O trabalho dos pastores, da imprensa (colportagem e rádio) e, sobretudo do ministério leigo.

Você já se perguntou como a mensagem adventista chegou na "Terra do Padre Cícero"? Quais foram os pioneiros? Que desafios enfrentaram? Como o adventismo expandiu-se tanto com sua doutrina tão distinta? Tenha a resposta agora. Embarque nessa aventura de fé!

Referências:

[1]. Alberto Timm é Ph.D., diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Brasil, diretor do Centro Nacional de Memória Adventista e Professor de Teologia no Instituto Adventista de Ensino – Campus 2 (Citado em A Chegada do Adventismo ao Brasil, Michelson Borges, Depoimentos)
* Segundo Alberto Timm existem registros de adventistas no Brasil antes disso16 (Ver Revista Adventista, Alberto R. Timm, Janeiro de 2005 pág. 13,14)
[2] Revista Adventista, junho de 2002, pág.8.
[3] George Night, Uma igreja mundial, (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, São Paulo, 2000), pág. 9-24.
[4] Revista Adventista, junho de 2002, pág.8. Revista Adventista, junho de 2002, pág.8. Segundo Victor Casali, 300 ministros se uniram a Miller. Chegaram a ter auditórios de 15.000 pessoas. Editaram umas 50 revistas diferentes, com uma tiragem total de 5.000.000 em 1844. Mais de 50.000 pessoas aceitaram a mensagem da volta de Jesus. Revista adventista, agosto de 1994 (Tatuí: São Paulo, 1994), pág.8. Já Alberto Timm afirma terem sido 200 ministros ordenados e aproximadamente 2.000 pregadores voluntários, chegando o adventismo a ter 50 mil e 100 mil adeptos formais, além de um milhão ou mais de espectadores cépticos. Revista Adventista, junho de 2002, pág. 9.
[5] Ellen G. White, Ver O Grande Conflito, capitulo 23.
[6] Revista Adventista, junho de 2002, pág. 8,9.
[7] Boletim do Insituto Cultural Do Vale Caririense – Juazeiro do Norte-Ceará-Brasil, 2003. Célia Magalhães. Pág. 65.
[8] História de nossa Igreja, capítulos 39-48.
[9] Revista Adventista, janeiro de 2005, pág., 13.
[10] Idem pág.13.
[11] Revista adventista, novembro de 2005, pág.9.
[12] Ruy Carlos de Camargo Vieira, Vida e obra de Guilherme Stein Jr.– raízes da Igreja Adventista do sétimo dia no Brasil. (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1995), pág. 136.
[13] Felipe Lemos, Revista adventista, março de 2006, pág.25.
[14] Baseado em Histórico cedido pela Missão Costa Norte.

Introdução


A história é a maior testemunha dos atos de Deus em favor de Seu povo – Ribamar Diniz
Além de libertador, líder e chefe religioso dos hebreus Moisés tornou-se também seu historiador. Ele registrou um conselho para os tempos atuais que reflete o desejo de Deus para seu povo: "Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teus Deus, que te guiou... Para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos... Não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos." (Deuteronômio 8:2;4:9)

"O que somos hoje depende, em grande parte, daquilo que somos e tivemos condições de ser no passado. Boa parte dos valores que, hoje, vivemos e defendemos depende daquilo que nos legaram os nossos antepassados. Por outro lado, o que seremos amanhã depende não só da análise crítica que hoje façamos sobre o nosso passado, como principalmente, do projeto e compromisso de história, que, hoje, queiramos construir e assumir." [1]

30 de junho de 2001 foi diferente para a família Freitas e a Igreja Adventista do Sétimo Dia* em Juazeiro do Norte. Nessa data faleceu "Citonho" (Antônio Alves de Freitas). A família conclui que, como ele "gostava tanto da Igreja" seria bom velá-lo ali.
Centenas de pessoas compareceram. Amigos, irmãos, familiares, personalidades, todos queriam prestar seu último tributo. Muitos entraram na Igreja Adventista pela primeira vez!

Após ser apresentada a biografia de um dos primeiros adventistas da região, o Pr Ivay Araújo confidenciou aos presentes que, nos momentos finais, ele disse: "Sei que vou morrer, mas eu estou preparado". O irmão Ludugério, primeiro adventista de juazeiro compareceu e consolou a família.

Os Desbravadores retiraram o caixão da Igreja, "guardando" o pioneiro até o cemitério. Ao sair o corpo do irmão, saía um pedaço da Igreja também. Em meio a lágrimas e hinos de louvor, foi colocado na sepultura de onde um dia sairá, por ocasião da ressurreição na segunda vinda de Jesus.

Eu era um daqueles desbravadores! Ao pegar na alça do caixão de um pioneiro, senti-me profundamente honrado... Pensei nos esforços que ele e muitos outros fizeram para a mensagem chegar até nós, hoje.

Aquela cena me marcou profundamente e conduziu-me a uma séria reflexão. Assim como o irmão Citonho foi sepultado, será também enterrada a nossa história? O tempo vai esconder, quem sabe definitivamente, a vida e obra de nossos pioneiros? Não, respondi para mim mesmo, e me dispus a começar essa inédita pesquisa.

Parafraseando Ivan Schmidt, eu diria que pouco se sabe no Cariri, nos meios adventistas, sobre a disseminação da mensagem entre nosso povo. Pouco ou quase nada um membro da Igreja pode relatar sobre a época em que a tríplice mensagem raiou no Juazeiro... A triste realidade é que a Igreja não teve meios para conservar sua memória histórica [2]. O alvo desse modesto trabalho é revelar uma história quase desconhecida, rever os atos divinos na trajetória do povo de Deus, alcançando quatro objetivos:

I - Testemunhar o amor e providência de Deus ao trazer-nos Sua Verdade de modo tão especial;
II - Conhecer os pioneiros dessa mensagem e prestar-lhes uma merecida homenagem;
III – Oferecer a Igreja um documento escrito sobre sua história denominacional;
IV – Motivar os adventistas de hoje, sobretudo os jovens, a concluírem a obra.

Para facilitar a compreensão e pesquisas futuras dividimos a Origem e Expansão dos Adventistas do Sétimo Dia em Juazeiro do Norte em períodos, destacando em cada um os pontos mais relevantes:

I Período: Como a Mensagem Chegou até nós? (1958-1973)
A origem e crescimento da Igreja Adventista, as primeiras iniciativas da pregação do evangelho eterno em Juazeiro do Norte e adjacências, os primeiros batismos e formação do primeiro núcleo de fiéis.

II Período: A Manutenção e Consolidação da mensagem: (1974-1992)
Enfatizamos a vida do primeiro grupo adventista, a construção do primeiro templo e sua organização.

III Período: A Expansão da Mensagem: (1993-1999)
O crescimento espetacular no número de membros da Igreja e congregações e divulgação de sua mensagem através dos meios de comunicação.

IV Período: A Organização e o futuro da Igreja: (2000 em diante)
Período em que a Igreja foi com maior êxito organizada em seus departamentos e sua liderança e membros melhor treinados com uma visão mais abrangente.

Para montar esse quebra-cabeça histórico entrevistamos "muita gente". Emocionei-me ao ouvir os pioneiros (entre lágrimas) relembrarem fatos tão marcantes. Catalogamos as poucas referências históricas registradas em arquivos pessoais, documentos de igrejas e publicações.

Espero que esses relatos nos inspirem a continuar guardando "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus", e proclamar "a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos".
"Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo do progresso até ao nosso nível atual, posso dizer: louvado seja Deus! Ao ver o que Deus tem operado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos para recear quando ao futuro, a menos que nos esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado."[3]

Conheça nossa História!

Referências


[1] Cipriano Lukekesi, Fazer universidade: uma proposta metodológica, II edição (São Paulo: Comtez, 2000), 120.
[2] José Amador dos Reis – Pastor e pioneiro, (CAB, ),9,13. Citado por Michelson Borges em A chegada do adventismo ao Brasil, (Tatuí: São Paulo, 2000), 13.
[3] Ellen G. White, Testemunhos seletos, Vol. III pág., 443.
Nota: Os termos Igreja Adventista do Sétimo Dia, Adventismo, adventista, movimento adventista etc se referem unicamente a essa Igreja ou a seus membros, a menos que haja clara indicação ao contrário.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Conheça Nossa História!


Apresentação

Durante o tempo em que estudei no Educandário Nordestino Adventista (ENA), tive o privilégio de colportar em várias cidades do Nordeste. Em uma delas, porém, houve uma mistura de privilégio e desafio. Privilégio, porque participei modestamente na seqüência de pessoas e iniciativas para que o Adventismo chegasse à "Terra do Padre Cícero", Juazeiro do Norte, localizada na bela região do Cariri. Desafio, por causa do forte preconceito religioso existente naquela época.

Antes de chegar ali, passei de ônibus pela cidade de Barbalha, em cuja entrada havia uma placa bem grande, com os dizeres: "Senhores protestantes, Barbalha já está evangelizada". Tal advertência me deu uma idéia do que me aguardava nos meses de janeiro e fevereiro de 1961, nas cidades do Crato e Juazeiro do Norte. Em Crato, tudo correu bem. Mas, na cidade vizinha, senti de perto o preconceito religioso. As duas primeiras pessoas a quem apresentei alguns livros da Casa Publicadora Brasileira sugeriram que eu me retirasse da cidade. Mas pensei: "Deus não permitirá que isso aconteça." E Ele me abençoou maravilhosamente.

Durante o tempo em que estive nas duas cidades, não assisti a nenhuma reunião adventista. Motivo: não havia sequer um adventista ali. Aos sábados, eu pegava a Bíblia e o Hinário e ia a um lugar campestre e, à sombra de uma árvore, estudava o Livro Sagrado, a Lição da Escola Sabatina, cantava hinos e orava.

Naqueles dois meses, perguntei a mim mesmo: "Quando a mensagem adventista vai produzir frutos em Juazeiro do Norte?" Hoje, a história é outra, graças a Deus. A cidade conta com várias igrejas adventistas, verdadeiros faróis do evangelho. Mais que isso: A Igreja Adventista do Sétimo Dia em Juazeiro do Norte já tem uma história para contar. História que fala do amor de Deus e Suas providências no sentido de conduzir pessoas aos pés de Cristo Jesus.

Boa porção dessa linda história está no livro escrito pelo dedicado irmão Ribamar Diniz, que, de maneira incansável e diligente, entrevistou pessoas, pastores e vasculhou relatórios para compor a obra CONHEÇA NOSSA HISTÓRIA, sobre a origem a expansão da Igreja Adventista do Sétimo Dia na cidade de Juazeiro do Norte. Que iniciativa inspirada! Deus seja louvado por isso.
O livro de Ribamar Diniz trata de uma história do amor de Deus na região do Cariri. Talvez faltem alguns elementos e informações sobre o desenvolvimento da igreja nessa importante cidade, mas toda pesquisa passa por esse processo. Creio, porém, que esta obra, fruto de muito esforço e sacrifício, engrandecerá o nome de nosso Deus. Será, também, um testemunho das gerações que muito contribuíram para que a igreja de Juazeiro do Norte se tornasse o que é atualmente. Espero que a leitura deste livro revitalize o espírito missionário dos adventistas da região, inspirando muitas pessoas a testemunhar do amor de Cristo.

Rubens S. Lessa
Pastor e jornalista

SUMÁRIO
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai o vosso passado.” Ageu 1:7.

Apresentação

I Período: Como a mensagem chegou até nós? (1958-1973)
Capítulo 1 - Dos Estados Unidos a Juazeiro do Norte
Capítulo 2 - Juazeiro – Meca do Cariri

Capítulo 3 - Os colportores chegaram primeiro?
Capítulo 4 - “Tempos difíceis”
Capítulo 5 Salvando dentes e almas
Capítulo 6 “Vamos ao cinema!”
Capítulo 7 - Pregando com uma sanfona!
Capítulo 8 - O “guerreiro” se rende
Capítulo 9 - Projetando salvação
Capítulo 10 - Roberto Rabelo e Arautos do Rei no Cariri

II Período: A Manutenção e Consolidação da mensagem: (1974-1992)
Capítulo 11 - “O Grupinho da Rua São Pedro”
Capítulo 12 - Reformando ou destruindo?
Capítulo 13 - Como a Igreja Primitiva
Capítulo 14 - A Igreja 1º de Maio
Capítulo 15 – O primeiro Clube de Desbravadores

III Período: A Expansão da Mensagem: (1993-1999)
Capítulo 16 - Voltando ao centro
Capítulo 17 - A igreja dos jovens
Capítulo 18 - A luz espalha-se pelo Cariri
Capítulo 19 - A mensagem adventista nas ondas do rádio
Capítulo 20 - “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

IV Período: A organização e o futuro da Igreja: (2000 em diante)
Capítulo 21 - Rio das flechas
Capítulo 22 - Desbravando o Cariri
Capítulo 23 - Jovens Adventistas
Capítulo 24 - Ensinando a Igreja
Capítulo 25 - Os pioneiros de hoje

Conclusão: Um povo - uma esperança
Conheça nossas crenças


Conhecendo o Autor
“Ribamar Diniz... sempre foi um tipo singular pela maneira de pensar, agir e pela criatividade em transformar coisas simples em algo especial e por que não dizer espetacular.” Pr. Ivay Araújo*

Antônio Ribamar Diniz Barbosa nasceu em Milagres, Ceará, a 14 de agosto de 1977. É bacharel em Ciências da Religião pelas Faculdades INTA com a monografia “Aspectos Educacionais do Clube de Desbravadores”.

Seu primeiro contato com a mensagem adventista aconteceu em 1992. Ao visitar o Horto (local onde se localiza a estátua do Padre Cícero em Juazeiro do Norte) na semana santa, viu um jovem (Sérgio Oliveira) pregando sobre a Bíblia. Após estudar o Apocalipse com Aldemy Freitas, batizou-se na Igreja Central de Juazeiro do Norte a 10 de agosto de 1996.

Três meses após o batismo começou a colportar. Trabalhou oito anos nos estados do Ceará, Piauí e Paraíba. Vendeu cerca de 1000 exemplares somente do livro O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse. Colportando aprendeu a pregar e ao ler o livro Nossa Herança tornou-se apaixonado pela igreja adventista, sua mensagem e história.

Após ocupar vários cargos no distrito, inclusive o ancionato, participou da fundação dos grupos adventistas dos bairros Aeroporto e Alto da Timbaúba.

Participou do Clube de Desbravadores Órion (1997); Guardiões do Vale (2000) e da fundação dos clubes Cristal, Crajubar, Águia de Ouro, Planeta Azul, Kratos, Nascente do Oeste, da Fanfarra Regional dos Desbravadores e dos clubes de aventureiros Pequenas Estrelas e Aventureiros da Paz. É Líder investido nas três áreas do Ministério Jovem.

Atuou como coordenador distrital de Jovens (2002 a 2003) e como Regional de Desbravadores (2005 a 2007). Foi ordenado como ancião no dia 01de dezembro de 2007.

Já publicou o Cordel A Internet de Deus e o livro O Alicerce da Ação – Textos e Frases para Reflexão. Escreveu ainda Clube do Ano Bíblico – O Que é Como Formar um em sua Igreja e Conhecendo o Lenço - Guia para Novos Desbravadores (nao publicados). Mantém o blog www.benditaesperanca .blogspot.com.

Atualmente Ribamar Diniz é aluno de Teología da Universidade Adventista da Bolivia, membro da SCB (Sociedade Criacionista Brasileira) e vice-presidente da SCIFT (Sociedad Científica de Investigación de la Facultad de Teología). Depois que chegou na Bolivia (início de 2008) participou da fundaçao do Clube de Guías Mayores (Clube de Líderes) da Universidade e do estabelecimento da congregaçao de Payocaloo após a campanha de Semana Santa de 2009.

* (Departamental de Jovens da União Boliviana. Citado em O Alicerce da ação – Textos e Frases para Reflexão, pág. 09)